Laboratório do mundo invisível

No capítulo 8 do livro dos espíritos há uma passagem que trata sobre o laboratório do mundo invisível, que poderia ser dita como uma oficina da matéria fina ou do além, que daria o mesmo sentido, de forma a explicar como funciona a confecção de objetos, roupas, alimentos e congêneres neste mundo do além.

A pergunta de número 4 explica de forma sucinta o fenômeno:

“Será que a matéria inerte, poderia desdobrar-se? Haveria no mundo invisível uma matéria essencial que revestiria a forma dos objetos que vemos? Numa palavra, estes objetos teriam seu duplo etéreo no mundo invisível, como os homens, nele, são representados pelos Espíritos?”
“Não é assim que acontece; o Espírito tem sobre os elementos materiais espalhados por toda a parte no espaço, na vossa atmosfera, um poder que estais longe de suspeitar. Ele pode, à sua vontade, concentrar estes elementos e lhes dar a forma aparente própria aos seus projetos.”

 

Conforme mostra a resposta, não devemos nos confundir que aqueles espíritos desencarnados, ao mostrarem-se ou serem vistos, apresentam-se com as mesmas vestes, objetos e outros itens os quais mantinham em sua posse quando estavam na Terra, tratando-se de um duplo etéreo, ou um invólucro fino latente nos objetos materiais os quais foram capturados ou trazidos para o além. Não é assim que funciona. Trata-se, na verdade, de uma cópia, um objeto similar daquele que outrora o espírito fazia uso.

Como o espírito desencarnado o fabrica segundo sua vontade, este está sob seu domínio, fruto de concentração e visualização.

Livros antigos traziam à tona um elemento conhecido como éter ou também, segundo a literatura do Graal, de energia neutra, a qual,tendo origem no divino, espalha-se ou derrama-se sobre todo o universo, em todos os planos, se tornando visível ou palpável na medida em que se distancia do divino, tornando-se mais real para espíritos mais ou menos evoluídos.

Este elemento, o éter, aqui não tratamos do elemento material grosseiro, visível aos olhos nus, discutido por alguns cientistas, mas sim, o elemento mais sutil, invisível, que permeia tudo, inclusive nossos próprios pensamentos, ajuda a formação e materialização daquilo que existe.

Um exemplo o qual podemos citar de como este funciona, caso fosse palpável e densamente materializado, seria o trabalho de um artista que molda um vaso com argila.

Para que o vaso fique pronto, acabado, primeiramente o artista visualizou o modelo em sua própria mente, com sua vontade, reuniu os elementos necessários para a construção deste como a argila, máquina e cuidou que a eletricidade e água estivesse disponível.

A eletricidade, poderíamos considerar como o éter ou energia neutra da criação, disponível para todos, indistintamente, o que muda de uma pessoa para a outra é apenas a capacidade de recepção e transformação, mas está presente para todos.

A argila e a água são os pensamentos da pessoa, e sua mão e a vontade em si. A reunião destes elementos forma o vaso,que pode ser lindo, formoso e proporcional, ao mesmo tempo que, com ignorância ou mau uso, pode se formar um vaso feio, imperfeito ou incompleto.

Embora no livro dos espíritos faça referência a aparência dos espíritos desencarnados, os quais plasmaram sua aparência para aquela a qual mais estava afeito enquanto estava na carne, tal se trata apenas de uma configuração de seu pensamento e vontade, portanto, e que, dependendo da condição deste poderia se apresentar de forma diversa, se preferisse.

Esta mesma vontade e força do pensamento pode ser ampliada ou amparada por espíritos benfazejos ou mesmo pela reunião de mais pessoas que se agregam em torno de um objetivo comum.

Em casas espíritas, muitos desencarnados se aproximam ou são trazidos para que estes possam se recuperar, fazendo uma transição mais suave entre sua experiência carnal para a experiência no mundo invisível, astral ou espiritual, como queira chamar.

Os médiuns, oradores e equipe espiritual presentes neste ambiente sagrado, fazem um trabalho fenomenal neste sentido, ao materializar ou plasmarem alimentos, objetos, remédios que venham a amenizar as dores ou lembranças de dores causadas por acidentes, doenças ou outro desencarne trágico para tal espírito.

Esta fabricação de alimentos, assim como mostra a pergunta de número 4 do capítulo 8, do livro dos espíritos se dá pela junção dos elementos citados acima, tais itens não necessariamente se tornam visíveis para os integrantes da reunião espírita, não sendo necessária de fato, mas se torna palpável para aquele que se encontram do lado de lá, causando os mesmos benefícios se fossem materialmente densas, em relação aos encarnados.

No livro dos médiuns, entre todas as categorias que existem de médiuns, no capítulo 09, vemos, como continuação, os médiuns de materialização ou de efeitos físicos. A sistemática para efeitos são os mesmos descritos acima.

Fazendo uso da energia neutra da criação, conseguem materializar ou transportar objetos e outras matérias de um local para outro, fazer aparições e outras manifestações tipicamente visíveis.

Tais tipos de médiuns são raros, mas, justamente por existirem, foram catalogados no livro de estudo em questão.

Nestes médiuns de efeitos físicos existem os voluntários e involuntários onde estes primeiros conseguem produzir tais efeitos físicos pela sua vontade e concentração, já os segundos veem tais efeitos físicos acontecerem como batidas, pancadas, movimento de objetos, entre outros sem saberem a causa.

Interessante que nesta obra, cuidadosamente, não se lê que tais médiuns de efeitos físicos conseguem criar coisas, pois tal poder é subtraído do Ser Humano, cabendo somente a Deus tal, mas o Ser Humano tem a capacidade, pelos elementos citados acima, de gerar itens tanto materiais quanto espirituais, recaindo, portanto, grande responsabilidade sobre este sobre tal capacidade.

A maioria das pessoas não conhecem este fenômeno universal da existência da energia neutra, abundantemente disponível para qualquer indivíduo.

No livro autobiografia de um Yogue mostra um caso típico de mediunidade de manifestação física, a qual foi concedida para uma pessoa interessada para benefício dela mesma e daqueles que viessem a ter contato com ele. É um relato triste, de uma pessoa que não soube usar tal faculdade, uma vez que caiu nas armadilhas da vaidade, ao gerar uma quantidade enorme de itens como pratos, talheres, alimentos, bebidas, mais para seu bel prazer do que os necessitados, seus pares que moravam na Índia.

A consequência é que tal faculdade, após alguns anos, foi retirada deste, e um efeito retroativo negativo teve de ser resgatado já naquela existência, deixando-o vivenciar a escassez material e afetiva, que se materializou para ele pelo abandono de seus entes queridos. e mendicância para sobreviver.

A oficina do mundo invisível, portanto, a fábrica de matéria fina, está a trabalhar para todos, no sentido que a mesma é colocada em prática pelos próprios pensamentos e vontade de cada pessoa, trazendo frutos doces ou amargos, dependendo do plantio.

Esta oficina funciona sem parar, tanto para encarnados quanto para desencarnados, como um fenômeno universal, inquebrantável, no qual no espiritismo, vemos exemplos ocorrem diariamente, nas casas espíritas e em nossa existência há centenas de exemplos espalhados em toda a parte, ainda que a ciência tradicional não tenha ligado os pontos, pois tal não pode ser entubada ou medida pelos meios tradicionais, mas somente pela matéria que lhe é própria, do mundo invisível ou espiritual.

Haverá uma época a qual as pessoas, com mais consciência e cautela, se utilizarão das energias disponíveis na criação para seu próprio bem estar e dos outros, conseguindo, pela lei da ação e reação somente bênçãos e realizações.