A segunda vinda de Cristo

Há pessoas no mundo todo aguardando a segunda volta de Cristo, uma data na qual aguardam esperançosamente, pois quando tal dia chegar diz-se que haverá inclusive a separação do joio e do trigo nesta ocasião, na qual muitos, desta forma, terão seus dias tranquilos de paz garantidos.

São dezenas de passagens bíblicas que fazem menção a esta data, podendo elas serem encontradas em Hebreus, Marcos, Lucas, entre outros.

Por exemplo Lucas, 21:27 “Então se verá o Filho do homem vindo numa nuvem com poder e grande glória”. 

O que muitos esquecem é que, assim como Cristo se usava de Parábolas, assim várias anotações das escrituras antigas não usavam o significado literal da palavra, mas sim seu sentido figurado, por imagens e sinais espirituais. Como acontece neste caso. 

A segunda volta de Cristo, interpretada erroneamente por pessoas que desconhecem os fenômenos espirituais, espalharam mais confusão e problemas do que ajudaram, na propagação destas ideias.

Segundo sua própria visão de mundo, densificaram as revelações para algo mais próprio de sua natureza, onde se faz ausente a essência espiritual de tais revelações.

No Livro Nosso Lar há uma passagem onde André Luiz, acompanhado de um mentor, vai até um saguão de um Hospital espiritual e se depara com centenas de pessoas dormindo, mas não é um sono tranquilo e reconfortante, mas sim um sono perturbador, aparentemente com pesadelos e sentimento indesejáveis e, ao indagar o motivo pelo qual aquelas pessoas estavam fazendo perdendo tempo precioso dormindo, a resposta foi que passaram muitos anos de sua vida imaginando que, a partir do momento de sua morte terrena iriam para um local aguardar dormindo a volta de Cristo.

Certa vez pude presenciar ao vivo, na comunicação de um espírito feminino com um médium, que ela acabara de despertar de um tipo de pesadelo e não estava entendendo o que estava acontecendo ao seu redor, percebia que estava no mundo espiritual, mas com muito sono, achava que teria de continuar dormindo a fim de esperar Cristo chegar, ao menos era assim que tinha sido ensinada, estava confusa.

Neste mesmo momento o orador disse a ela que Cristo já tinha voltado, que este voltou na forma de uma realização espiritual para todos que a estavam ajudando, isto é, ele se manifestava por meio do amor dos voluntários e trabalhadores da casa e que ela podia se tornar grata por isso, pois estava despertando para uma nova vida no além, de agora em diante. O médium ainda mentalizou uma rosa para ela, o que agradeceu prontamente, sendo conduzida para seus amigos e familiares os quais tinha partido primeiro do que ela.

Enquanto estas palavras são escritas, centenas de milhares dormem em algum local próximo da Crosta terrestre ainda aguardando esta segunda volta de Cristo e vão permanecer lá por um bom tempo.

A segunda volta de Cristo, portanto, será menos cômoda, mais digna e não por isso menos gloriosa do que se imagina.

Podemos citar dois significados espirituais complementares para esta volta, o primeiro o qual indica que a volta de Cristo, na condição de filho do homem, ou seja, aquele que conhece os problemas, vicissitudes, pontos fortes e fracos do Homem é a filosofia espírita, em sua palavra, sua decodificação por Allan Kardec, na medida em que, Crística por sua natureza, conduz o homem de volta a Deus, desde que este siga  seus desígnios e conduta.

A explicação da segunda volta pode ser embasada nas próprias palavras de Cristo e sua missão.

“Eu e o pai somos um só” significa que Jesus, além de seu corpo físico, que teve um tempo restrito aqui na Terra, era também Jesus espírito, cuja presença é Onisciente e Onipresente, assim como Deus o é.

Sendo um espírito Eterno, que está junto de Deus desde tempos imemoriais, sendo Onipresente e Onisciente isto é, presente em todas as coisas desde pedras, animais, no próprio Ser Humano, como que sustentando a vida, em contrapartida, a consciência Crística,  pode e deve ser alcançada pelo Homem, por meio de seu exemplo de vida, meditação e oração, realizando aquilo que Cristo disse: “Ninguém chega ao Pai a não ser por mim”

Portanto, temos duas voltas distintas: uma erroneamente propagada que tem causado prejuízos espirituais por centenas de anos, deixando os espíritos recém desencarnados desamparados e perdendo tempo precioso no além, ao acreditar que a volta de Cristo se dará de uma forma grosseira, temporal, arbitrária, desconsiderando o tempo de desenvolvimento e amadurecimento individual de cada um. Por outro lado, temos a volta de Cristo de forma espiritualizada, sendo proporcionada pela experiência, vivência que a conduta de Cristo nos ensina, a qual pode sim, ser alcançada por meio do espiritismo, revelada em sua literatura.

Nesta perspectiva, existe a volta de Cristo na consciência de cada indivíduo, único tipo de volta que realmente é agradável a Deus, haja vista que tem capacidade de transformar o comportamento da pessoa e, desta forma gerar frutos que Deus espera de um espírito desperto e consciente.

Mais uma vez vemos que a falta de conhecimento das leis reencarnatórias atrapalha sobremaneira o entendimento das escrituras, o desconhecimento das vidas sucessivas permite às pessoas aceitarem de maneira fácil um progresso ilusório, rápido e sem esforço, como aquele onde caso uma pessoa, no último momento antes do suspiro da morte “aceite Jesus” ele imediatamente tem seus pecados perdoados e pode ascender ao reino dos Céus.

A volta do Ser Humano para Cristo, portanto, consciente, livre de seus erros seculares, renascido da carne e do espírito, é a conhecida segunda volta de Jesus.

Por isso Jesus, em sua conversa com Nicodemos, disse: “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo” e complementa: “é necessário que renasça em água e em espírito […] carne é carne, espírito é espírito”

Tal afirmação foi necessária porque Nicodemos achou que, talvez, um homem pudesse voltar para o ventre de sua mãe, a fim de nascer de novo, o que é errado. Cristo quis demonstrar que vários nascimentos, precisam ser realizados para que uma pessoa possa, de fato, conhecer o reino dos céus. Ora, nascer do corpo físico basta uma pai e uma mãe terrena para tal, mas o mais importante de todos os nascimentos, que é o do espírito, só uma consciência Crística pode nos proporcionar, sendo esta eterna, nos garantindo uma existência pura e miraculosa, nos tornando novos perante os olhos do criador, assim como foram os primeiros.

A segunda vinda de Cristo, portanto, precisa ser aceita e encarada como tal, como um novo nascimento. 

Alguns encaram o batismo terreno, quando despejam água sobre a cabeça das crianças ou já como adultos um novo nascimento. Entretanto, como um simbolismo, este acontecimento deve ser precedido de um comportamento novo, de um modelar-se nas condutas do mestre para que realmente o batismo tenha efeito, pois,em verdade, o batismo em espírito não precisa da água ou de qualquer outro elemento material para a recepção do espírito de Cristo, mas sim um adequar-se, um abrir-se às irradiações divinas e à filosofia que ela nos indica.

Carne é carne, assim como água é água. Já o espírito transcende a matéria e alcança o íntimo do Ser humano.

A segunda volta de Cristo, uma vez compreendida, equivale a um novo nascimento, em espírito, pois transforma todo o Ser, sua mente, corpo e espírito, permitindo-o alcançar o reino espiritual a começar pela mudança de sua consciência já aqui na Terra.