Capítulo de número XVII do Evangelho segundo o espiritismo, vemos uma passagem onde os espíritos comentam da humildade e sua relação com a caridade.
Exaltam a humildade como uma das mais favoráveis proezas, necessária a humanidade sofredora, que tem como expoente o próprio Jesus Cristo, que foi o mais humilde entre todos os profetas.
A título de comparação, podemos colocar a soberba, a vaidade e o orgulho como elementos que perfazem a personalidade daqueles que se acham distantes da humildade.
Não raro, encontramos jovens mulheres que preferem um homem rico, porém debochado, de mau gosto e mau educado do que um jovem pobre, porém de bom gosto e educado! Nas festas e eventos sociais, a mesma coisa: preferem convidar pessoas expoentes, possuidoras de títulos e fama, do que um simples vizinho, um companheiro ou amigo!
A soberba, assim como o orgulho, os quais fazem com que a pessoa se ache no mérito ou direito de possuir mais e melhor do que seu irmão, faz com que a pessoa tome atitudes e comportamentos os quais atestem sua superioridade perante outros, enganando-os, humilhando-os, fazendo de tudo para mostrar seu próprio brilho e validade! assim o fazendo, tarde não será o momento em que a vida lhe desfira um golpe fazendo com que este desça vários degraus, fazendo com que tenha de engolir seu orgulho a seco!
Ao contrário, o humilde, num comportamento sincero, honesto e simples, toma suas atitudes baseadas no respeito mútuo, reconhece que todos somos filhos do mesmo criador, que debaixo de títulos, de marcas de roupas de perfumes caros, até mesmo em nossa fisiologia, de nada muda um ser humano de outro, podendo cada qual sofrer e amar igualmente, sendo assim, ainda que tenha de passar por provações nesta vida, a encara como necessária para seu desenvolvimento, não faltando gratidão no coração, pois sabe que tudo passa, tanto os bons como os maus momentos.
A vaidade e o orgulho, em disparate com a humildade e caridade trazem efeitos tão diferentes que, nesta passagem do Evangelho segundo o Espiritismo, consta que a pessoa vaidosa e orgulhosa, depois de despojar o corpo físico na matéria, terá de ser o menor de todos, de tal forma que terá de servir aquele que foi, talvez, seu subordinado na terra e os mansos de coração, os humildes, tendo amado seus semelhantes na Terra, não medindo esforços para amá-los e serví-los, terá agora sua recompensa, sendo amado e bem vindo no mundo espiritual.
A trajetória de uma pessoa que deseja cumprir os desígnios Crísticos na Terra realmente não é complicada, mas sim simples.
O atual estado das coisas de grandes diferenças sociais, fome e miséria em várias partes do mundo realmente se tratam de mesquinharia, orgulho e vaidade de alguns, pois há para todos.
É certo que todos, indistintamente, seja rico ou pobre, deva passar por provações, as quais, muitas vezes são períodos de maior ou menor dificuldade emocional, financeira ou espiritual, no entanto, estas dificuldades podem ser terríveis para aqueles que têm orgulho e vaidade no coração, pois tais provas trazem maiores tribulações.
Há uma frase conhecida de Chico Xavier onde vemos: “Quem se afasta da ilusão, aproxima-se da verdade, adquirindo a companhia da humildade e do amor, os dois anjos invisíveis, que abrem a porta do céu.”
A frase acima de Chico nos mostra que, se analisarmos a vida nua e crua, assim como ela é, sem disfarces, sem romances ilusórios ou expectativas fictícias, sabendo que ela é, por natureza, cheias de altos e baixos, que somos seres imperfeitos, que necessitamos uns dos outros, que precisamos de ar, água e comida para mantermos de pé, não nos resta outra alternativa, senão sermos gratos pelo dom da vida, seremos humildes no sentido de agradecer o pão de cada dia.
A humildade também, é bom que se diga, não é ser pobre, definitivamente, não é recusar a benção do trabalho e pensar que o dinheiro é indigno e sujo, essa filosofia foi construída para, de fato, para destruir o que foi e é bom nas famílias e na sociedade como um todo, A humildade é saber e pôr em prática a caridade, bem gerenciar e distribuir a riqueza na melhor maneira que se possa fazer, seja por meio do tempo, recursos, saúde física, bens a que cada um tem confiado.
Afirmar que não há pessoas humildes em função do dinheiro é o mesmo que afirmar que há assassinatos em função de armas, sejam elas brancas ou não.
Não há pessoas humildes por causa da educação que receberam – ou deixaram de receber – por causa de seus modelos, bem como lacuna de experiência de vida e de conhecimento – sabedoria.
É muito mais fácil acreditar que somos donos da razão do que ter de ouvir ou ler/aprender daqueles que têm mais experiência, assim é mais cômodo.
Ao tolo, que não tem humildade e caridade de passar um tempo com os mais velhos ou mesmo com os livros, os quais são a voz da experiência, já pagam parte de sua soberbisse aqui mesmo na terra, pois hão de sofrer os mesmos erros de seus antepassados, sendo uma caraterística de falta de inteligência, pois o inteligente aprende com o erro dos outros, enquanto o ignóbil aprende de seus próprios sofrimentos e erros.
O Próprio Evangelho Segundo o Espiritismo, cuja mensagem do capítulo em questão vos fala, é uma mensagem de sabedoria, de quem sofreu por não colocar a humildade em prática, daqueles cujo caminho talvez estamos à beira de tomar as mesmas decisões.
A encarnação terrena, cujo brilho da fama, das posses, dos títulos passa muito rápido, terminando muitas vezes perto ou já na velhice e ainda terá de ser deixada no túmulo, nos mostra que os valores eternos da humildade e caridade, persistem por um tempo muito maior, toda a eternidade, em vez de algumas décadas terrestres.
Um dos maiores atos de Cristo de humildade, ele que foi e é o próprio filho de Deus o mestre dos mestres foi o lavar os pés dos discípulos, neste ato, ele, em mensagem tão clara como o dia, disse que devemos pensar em servir o outro, em limpar e arejar o escuro para o limpo, para o claro, que devemos vencer o egoísmo, as diferenças, que devemos enaltecer o voluntariado o altruísmo, lavar os pés é um ato de amor, de carinho, de solidariedade, do preocupar-se com o outro, de entender suas fraquezas e suas necessidades, é deixar o outro ser grande e nós pequenos, é de presentear e valorizar o sentimento de ser amado e respeitado, o lavar os pés dos discípulos também pode ser um abraço, um prato de comida, um presente, um aperto de mão, uma visita, uma lembrança, desde que desprovida de segundas e terceiras intenções.
A caridade, juntamente com a humildade não espera retorno dos atos de amor e de carinho, aliás, nem mesmo as promove diante dos olhares do mundo, pois está escrito: “quando deres esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que faz a sua mão direita”.
Esta advertência de Jesus, que complementa a humildade a qual, no fundo, é um traço de caráter, não pode ser festivamente alardeada, como se algo fosse conquistado, finalmente.
O reconhecimento e o olhar de aprovação de seu amigo, parente ou conhecido já é o triunfo, o retorno do ato bom que fizemos na terra.
Não será mil vezes melhor o benefício do retorno divino pelo ato de humildade que fazemos na Terra?
Em um mesmo paralelo, assim como a vingança, deva ser, em última análise, Divina, cabendo a ele a espada da Justiça, também o merecimento, a graça, a benção pelo bem, pela humildade que fazemos na Terra, será melhor deixar para ele, a recompensa por nós a receber.
Chico, assim como Jesus, eram a encarnação da humildade, deixaram todos os envoltórios, tiveram as carapaças sociais despojadas e adotaram a filosofia do servir, dos humildes e dos mansos de coração, foram na verdade, por isso mesmo, vitoriosos, corajosos, desprovidos de altas expectativas terrenas, tinham altos ideais, por isso mesmo encontraram dificuldades diversas, pois aqueles os quais poderiam contar nos momentos de dificuldades, por estarem embebidos da opulência, da luxúria, como Judas, deixaram-lhes para trás.
Quanto sofrimento poderia deixar de existir se cada qual se esforçasse ao menos 10% para ajuda ao próximo, aos mais necessitados, da maneira a qual eles podem auxiliar, sendo seu tempo, sua inteligência, suas posses, o que quer que seja, para benefício do outro? talvez um outro cenário se fizesse valer neste planeta.
Sejamos vitoriosos e corajosos no bem servir do outro, com humildade.
tema excelente