Prezados irmãos e irmãs em Cristo,
Nesta reflexão, abordaremos um tema de profunda relevância em nossa jornada espiritual: a obsessão. Este fenômeno, tão presente em nosso cotidiano quanto sutil em suas manifestações, merece nossa atenção cuidadosa e compreensão amorosa. A obsessão, conforme nos ensina a Doutrina Espírita, não se limita apenas à influência de espíritos desencarnados sobre nós. Na verdade, ela se manifesta de diversas formas, tanto no plano espiritual quanto no plano material. Vamos, pois, examinar os tipos de obsessão que podemos enfrentar:
Obsessão por espíritos desencarnados:
a) Obsessão simples: Quando um espírito se apega a uma pessoa, causando-lhe pequenos transtornos.
b) Fascinação: O espírito obsessor exerce uma influência mais profunda, levando o obsidiado a acreditar cegamente em ideias falsas.
c) Subjugação: O caso mais grave, onde o espírito obsessor domina completamente a vontade do obsidiado.
Obsessão entre encarnados:
a) Obsessão afetiva: Quando uma pessoa exerce controle excessivo sobre outra, sob o pretexto de amor ou proteção.
b) Obsessão profissional: Ocorre quando há abuso de autoridade no ambiente de trabalho.
c) Obsessão familiar: Manifesta-se através do controle exagerado de pais sobre filhos, ou vice-versa.
Os efeitos da obsessão podem ser devastadores para o obsidiado. No plano físico, podem manifestar-se como doenças inexplicáveis, fadiga crônica, ou distúrbios do sono. No plano mental, podem surgir pensamentos repetitivos negativos, ansiedade, depressão, ou até mesmo ideias suicidas. No aspecto espiritual, a vítima pode sentir-se distante de Deus, incapaz de orar ou encontrar conforto na fé.
Vejamos alguns exemplos para melhor compreensão:
Maria, uma senhora de meia-idade, começou a ouvir vozes que a intimidavam constantemente. Sua vida tornou-se um tormento, e ela se isolou de amigos e familiares. Este é um caso clássico de obsessão simples por espírito desencarnado.
João, um jovem empresário, tornou-se obcecado por sucesso material, negligenciando sua família e saúde. Ele acreditava que suas decisões eram sempre acertadas, mesmo quando todos ao seu redor o advertiam do contrário. Este é um exemplo de fascinação.
Ana, uma adolescente, desenvolveu uma amizade tóxica com Beatriz. Ana não conseguia tomar decisões sem consultar Beatriz, que a manipulava constantemente. Este é um caso de obsessão entre encarnados.
Diante desses desafios, como podemos nos proteger e auxiliar aqueles que sofrem com a obsessão? O caminho é árduo, mas não estamos desamparados. Eis algumas orientações:
Vigilância constante: Observemos atentamente nossos pensamentos e ações, buscando sempre a elevação moral. A prática do autoconhecimento é fundamental nesse processo.
Prece sincera: A oração é nosso elo direto com o Pai. Através dela, fortalecemos nossa ligação com o plano superior e nos protegemos das influências negativas. Oremos não apenas por nós, mas também pelos espíritos obsessores, pois eles também necessitam de luz e amor.
Estudo edificante: O conhecimento nos liberta. Dediquemo-nos ao estudo sério das obras espíritas, em especial “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. O entendimento profundo da Doutrina nos fornece ferramentas valiosas para enfrentar as obsessões.
Caridade: Ao praticarmos o bem, elevamos nossas vibrações e nos tornamos menos suscetíveis às influências negativas. A caridade não se limita apenas às ações materiais, mas também inclui o perdão, a compreensão e o amor ao próximo.
Reforma íntima: Trabalhemos incessantemente em nossa melhoria moral. É através desse esforço contínuo que nos tornamos verdadeiramente fortes e resistentes às investidas obsessivas.
Ambiente familiar harmonioso: Cultivemos em nossos lares uma atmosfera de paz, compreensão e amor. Um ambiente equilibrado é um poderoso antídoto contra as obsessões.
Passes e fluidoterapia: Estas práticas, quando realizadas em centros espíritas sérios, podem auxiliar no reequilíbrio energético do obsidiado.
Desobsessão: Em casos mais graves, a participação em reuniões de desobsessão, conduzidas por médiuns experientes e dedicados, pode ser de grande valia.
É fundamental ressaltar a importância de buscar ajuda em um centro espírita sério. Estas casas de amor e luz oferecem não apenas o conhecimento doutrinário, mas também o amparo fraternal necessário para enfrentar as obsessões. Ao procurar um centro espírita, observe se ele segue fielmente os princípios kardecistas, se oferece estudos sistemáticos da Doutrina, e se pratica a caridade sem ostentação.
Lembrem-se, queridos irmãos: não estamos sós nessa jornada. Os bons espíritos estão sempre prontos a nos auxiliar, bastando que os busquemos com sinceridade de coração. A obsessão, embora desafiadora, é uma oportunidade de crescimento e fortalecimento de nossa fé.
Que a luz do Cristo nos ilumine e nos fortaleça nessa caminhada rumo à evolução espiritual. Tenhamos fé, perseverança e amor. Com estes instrumentos divinos, superaremos qualquer obstáculo e nos libertaremos das amarras da obsessão.
Fontes:
capítulo 28, item 81, de O Evangelho segundo o Espiritismo, quando informa que “a obsessão é a ação persistente de um mau Espírito sobre uma pessoa”.
O Livro dos Médiuns, no capítulo 23, Kardec informa que a obsessão é o “domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas”