O jejum é uma prática milenar, presente em diversas culturas e tradições espirituais, que transcende a simples abstinência alimentar. 

Ele combina benefícios físicos, emocionais e espirituais, sendo uma ferramenta poderosa para desintoxicar o corpo, disciplinar a mente e elevar a alma. Tanto na Bíblia quanto nos textos espíritas, de Alan Kardec e Chico Xavier, encontramos referências significativas ao jejum como um catalisador para a conexão com o divino, o fortalecimento pessoal e a realização de milagres.

O trabalho mediúnico, uma das expressões mais sublimes de serviço espiritual, requer do médium disciplina, equilíbrio e preparação. Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, e André Luiz, em suas obras psicografadas por Chico Xavier, enfatizam que o médium é um intermediário das energias espirituais, devendo manter seu corpo e mente em harmonia para assegurar uma boa sintonia com os Espíritos Superiores.

Nesse contexto, o jejum desponta como uma prática valiosa para a elevação vibratória e a purificação energética, permitindo que o médium se torne um canal mais puro e receptivo à assistência dos planos superiores.

O Papel do Jejum na Preparação Mediúnica

André Luiz, em “Nos Domínios da Mediunidade”, alerta que os excessos físicos, incluindo a alimentação desregrada, podem densificar o perispírito e dificultar a conexão com os Espíritos Superiores. Ao mesmo tempo, esses abusos podem atrair Espíritos ainda apegados aos prazeres materiais, gerando desequilíbrios no ambiente mediúnico.

O jejum, por outro lado, promove a leveza energética, ajudando o médium a se desprender das vibrações densas e sintonizar-se com Espíritos mais elevados. Ele também favorece o estado de concentração e silêncio interior, necessários para a captação de mensagens espirituais com clareza.

Sintonizando com os Planos Superiores

No trabalho mediúnico, a sintonia vibratória é fundamental. Allan Kardec explica que os Espíritos comunicantes estão sujeitos à lei de afinidade, ou seja, eles se aproximam de médiuns que compartilham vibrações semelhantes às suas. Assim, manter-se em um estado de elevação moral e energética é indispensável.

O jejum, aliado à oração e à meditação, cria um campo vibratório propício para atrair Espíritos Superiores. Essa prática permite ao médium manter sua mente mais clara e focada, reduzindo as interferências do plano material e ampliando sua capacidade de absorver energias sutis.

Benefícios Espirituais no Ambiente Mediúnico

Além de beneficiar o próprio médium, o jejum contribui para harmonizar o ambiente onde se realiza o trabalho mediúnico. A prática cria uma psicosfera mais leve e elevada, favorecendo a manifestação de Espíritos comprometidos com o bem e inibindo a presença de entidades inferiores.

Por exemplo, nos relatos de André Luiz, vemos situações em que o estado desregrado de um médium ou participante de uma reunião mediúnica gera perturbações que dificultam o trabalho espiritual. Por outro lado, grupos que cultivam práticas como o jejum, a oração e o estudo edificante conseguem estabelecer um padrão vibratório elevado, facilitando a assistência dos mentores espirituais.

Exemplos Bíblicos de Jejum e Transformação

Moisés, antes de receber os Dez Mandamentos no Monte Sinai, passou quarenta dias em jejum (Êxodo 34:28). Essa purificação permitiu que ele se tornasse um canal para as Leis Divinas, exemplificando a força espiritual que o jejum pode proporcionar. Da mesma forma, Daniel adotou um regime alimentar baseado em legumes e água (Daniel 1:12), demonstrando como a simplicidade e o controle sobre os desejos materiais podem ampliar a sabedoria e a graça divina, permitindo-lhe sobreviver na cova dos leões.

Jesus também utilizou o jejum como preparação espiritual. Antes de iniciar seu ministério público, ele passou quarenta dias no deserto em jejum e oração (Mateus 4:2). Essa prática o fortaleceu para resistir às tentações e realizar sua missão divina, mostrando que o jejum é um caminho de fortalecimento da vontade e clareza espiritual.

Benefícios Físicos e Energéticos do Jejum

Do ponto de vista físico, autores modernos como Jasmuheen e Mario Sanches destacam como o jejum ajuda na desintoxicação do organismo. Ele dá ao sistema digestivo uma pausa necessária, permitindo que o corpo direcione sua energia para processos regenerativos. A prática de jejum intermitente (12 ou 24 horas) ou períodos mais prolongados, como os 21 dias mencionados por Jasmuheen, (não recomendado sem acompanhamento de profissional de saúde) demonstram como a abstinência alimentar consciente pode aumentar a vitalidade, reduzir inflamações e melhorar a saúde metabólica.

Além disso, muitas tradições espirituais acreditam que o corpo humano é capaz de absorver energia diretamente do prana (ou chi), a energia vital que permeia o universo. Esse conceito é particularmente explorado por espiritualistas que consideram o jejum uma oportunidade para reeducar o corpo e a mente a extrair energia de fontes não materiais.

Disciplina e Foco: A Conexão com o Divino

O jejum não é apenas uma prática física; é uma disciplina que fortalece o desapego, permitindo-nos libertar dos prazeres imediatos para acessar um propósito maior. Ele aguça a concentração e nos direciona a um estado de foco elevado, propício para a oração, meditação e trabalhos que exigem profundidade espiritual.

Jejum: Uma Jornada de Transformação

A prática do jejum nos convida a uma jornada de transformação integral: corpo, mente e espírito. Ele oferece clareza mental, força espiritual e saúde física, além de nos conectar com a energia universal que sustenta toda a vida. Quando aliado à oração, ao trabalho disciplinado e à meditação, o jejum torna-se uma ferramenta para alcançar o equilíbrio e realizar o propósito mais elevado de nossas existências.

Porque o jejum é pouco divulgado?

A ausência de ampla divulgação sobre os benefícios do jejum em nossa sociedade está diretamente ligada aos interesses econômicos das indústrias farmacêutica e alimentícia. O jejum, por sua simplicidade e acessibilidade, não gera lucros diretos. Ele não exige medicamentos, suplementos ou alimentos processados, o que o torna menos atraente para setores que dependem do consumo constante para prosperar.

A lógica é similar à falta de incentivo ao transporte público gratuito ou ao uso de bicicletas como meio de locomoção. As bicicletas, além de promoverem saúde e vitalidade, reduzem os custos com combustível, manutenção de veículos e gastos com infraestrutura urbana. Contudo, ao desafiar a hegemonia da indústria automobilística e de combustíveis fósseis, elas enfrentam um bloqueio de incentivos e uma escassez de campanhas que as promovam como solução viável.

Da mesma forma, o jejum representa um caminho para a saúde que desafia o modelo atual de consumo, que incentiva dietas desequilibradas e dependência de produtos industrializados. A prática de jejuar, ao restaurar o equilíbrio natural do corpo, reduz a necessidade de medicamentos e tratamentos para doenças crônicas, impactando diretamente os lucros de setores que se beneficiam do ciclo de consumo e tratamento.

Assim, tanto o jejum quanto o uso de bicicletas simbolizam uma ruptura com sistemas baseados no lucro e um retorno a práticas mais simples, naturais e sustentáveis. São escolhas que colocam o poder de transformação diretamente nas mãos das pessoas, mas que enfrentam barreiras justamente por sua capacidade de subverter as estruturas econômicas vigentes.

Investir em práticas como jejum e transporte sustentável é um ato de resistência e autocuidado que transcende o individual, impactando positivamente a saúde coletiva e o meio ambiente. É um convite para repensarmos o que consumimos, como vivemos e como podemos reconstruir uma sociedade mais equilibrada e consciente.

Conclusão

Jejuar antes de um trabalho mediúnico é um gesto de preparo e respeito pelo compromisso assumido. Ele purifica o corpo, clareia a mente e eleva o espírito, tornando o médium um canal mais puro e eficiente para as energias divinas. Como ensinou o próprio Cristo, “nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4). O jejum, nesse sentido, é uma forma de sintonizar-se com essa “palavra divina”, permitindo que o trabalho mediúnico seja realizado com amor, harmonia e propósito elevado.

Além do trabalho mediúnico, o Jejum também melhora como um todo a saúde física e expande a consciência do pertencimento do corpo, mente e espírito com a energia cósmica.

Fontes:  Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, O Livro dos Médiuns. André Luiz, Bíblia Sagrada, versão Almeida Revisada, Jejum Criativo, Mario Sanches, Jasmuheen, Viver de Luz.
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