A parábola dos talentos conta que, certa vez, um senhor partiu para uma terra longínqua para voltar alguns anos mais tarde e, durante sua ausência, deixou uma parte de seus bens para alguns servos o administrarem. Sendo 5 talentos para um deles, dois talentos para outro e um talento para um terceiro.
No retorno, o senhor veio ter com cada um deles, sendo que, ao indagar o primeiro sobre o que tinha feito com o talento este disse:
Senhor, me confiaste cinco talentos e, tendo trabalhado com eles, consegui outros 5. Então o senhor diz: “bom e fiel servo, sobre pouco foste fiel, agora sobre muito lhe colocarei, entre para a alegria do seu senhor. Logo depois, mandou chamar aquele que tinha deixado dois talentos e este, ao chegar, conseguiu mais dois talentos, então o senhor fez o mesmo, parabenizando-o e convidando a entrar em seu reino, mas após chamar o terceiro, no qual confiou um talento, ao ser indagado, este respondeu:
- “Senhor, como sei que que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, que ajunta onde não espalhaste, com medo, fui e enterrei o seu talento, estando agora devolvendo para ti, toma”
- “Servo mal e infiel, se sabes que ceifo onde não plantei e ajunto onde não espalhei, deveríeis ter entregue meu talento para os banqueiros os quais o fariam render juros, assim, desta forma, teria recolhido meu talento com valores adicionais, tirai o talento dele e dai para aquele que têm dez talentos, e jogai-o para o local onde têm choro e ranger de dentes”.
Embora esta parábola tenha algo de severo, tendo sentido de advertência, têm ao mesmo tempo, um consolo para aqueles que a interpretam da maneira correta, em sentido espiritual, que é a fonte de todo o conhecimento repassado por Cristo na época em que este caminhava sobre a Terra.
Advertência porque nos lembra que tudo o que temos nada mais é do que um bem que nos é emprestado momentaneamente, não é, absolutamente nosso, mas algo para ser gerenciado e administrado. Consolo, porque a cada um é dado conforme suas próprias capacidades e dotes, portanto, quando uma experiência da vida for considerada pesada ou demasiada penosa, devemos lembrar que Deus não permite um peso maior do que aquele que podemos carregar.
Naquela época, do império romano, um talento era realmente equivalente a uma espécie de dinheiro, geralmente comercializado em prata, um talento era equivalente a 30 quilos de prata, dois talentos eram, portanto, 60 quilos e 5, quase 150 quilos de prata, podendo ser comercializado com praticamente qualquer outra coisa.
Esta parábola serve, portanto, para os dois sentidos, tanto material como espiritual, não necessariamente ao dinheiro em si, embora este seja útil, que pode trazer alegria e desenvolvimento para uma pessoa em si, uma cidade e até mesmo para uma nação inteira, mas, essencialmente a parábola nos remete a ideia dos dotes, da inteligência, das capacidades de cada um em obter o necessário para existência terrena e mais, para que os outros, por meio de nossa atividade, possam ser impactados positivamente, e consigam se alegrar e obter paz em suas atividades terrenas e espirituais.
A parábola nos remete a ideia de equilíbrio entre as atividades terrenas e as atividades espirituais, do núcleo do ser humano, as quais trazem paz para o espírito que caminha na Terra.
As decisões as quais cada um irá tomar, de acordo com as responsabilidades, terá bons ou más consequências, como o primeiro que, pelo dínamo da atividade laboriosa, proporcionando alegria para os demais, como por exemplo aqueles que constroem hospitais, escolas, que geram empregos acaba sendo uma fonte de bênção para si e para o próximo tendo recebido, depois, as alegrias do senhor ao passo que aquele que, por medo, escondeu o seu talento, privando-o, de certa forma de si mesmo e principalmente em relação aos outros, os quais poderiam ser beneficiados deste talento, gerou consequências ruins a ponto deste servo ser entregue ao local de choro e ranger de dentes.
Quer dizer que a atividade material, quanto maior e aparentemente mais bem sucedida for, melhor? não, caso contrário, desta forma, as pessoas invisíveis na sociedade, que não tem condições financeiras e materiais de agregarem valor para a sociedade estariam excluídas do reino de Deus.
Tal não significa que estas pessoas, internamente, trabalhando sua intuição e vigilância não consigam trazer grandes bênçãos para a humanidade.
Vejamos por exemplo o Caso de Mahatma Gandhi, que proporcionou a independência do povo indiano, tendo uma vida modesta, simples, sem nenhum tipo de patrimônio a não ser o cultural e espiritual, realizou maravilhas na vida de milhões de indianos, ao libertar o povo do punho britânico.
Outros poderiam ser citados como Santo Agostinho que refutava compensações monetárias pelo seu trabalho evangelizador entre outros, portanto que mostravam, na maneira de ser, que os talentos confiados por Deus para nossa administração ultrapassa a questão monetária, sendo o dinheiro, neste ponto, um mero instrumento, de uma causa maior.
Outra coisa que a parábola dos talentos nos mostra é que o servo mal e infiel, aparentemente estava na razão ao simplesmente devolver o único talento que recebera, nas mãos do senhor, quando disse: “ toma o que é seu” no entanto, na natureza não há limitações e cálculos frios de quanto a semente dos talento internos, que cada qual possui, poderá gerar em termos de frutos, para nosso próprio bem e de outros.
Com tal afirmação, podemos entender que a questão da prosperidade, é nata na natureza, não há quem diga, por exemplo, quantas árvores uma única laranja poderá fazer florescer, também não há um supercomputador no mundo que saiba contar, exatamente, quantos grãos de areia existem na praia ou quantas folhas uma árvore deixará nascer, assim que tiver grande e formosa.
Da mesma maneira, nossos talentos, como sementes de promessas a serem realizadas, podem formar inúmeros bons resultados, especialmente no meio em que vivemos, causando um impacto positivo na vida das pessoas.
A atividade laboriosa, que demonstrou o primeiro e o segundo servo, os quais fizeram prosperar os talentos os quai foram confiados, não pode ser entendido somente em sentido material, quando pensamos que devemos ser recompensados financeiramente pela atividade terrena, da mesma forma que não devemos nos aproximar de Deus pedindo dinheiro, especificamente.
Aprendemos com a lição da parábola que, por serem úteis no meio ao qual estavam inseridos, por satisfazerem a necessidade dos outros, estes foram recompensados com a alegria máxima, de serem convocados para administrar aquilo que pertencia diretamente à Deus, quando este os convocou para participarem dentro do seu reino.
No livro Violetas na Janela, por exemplo, de Vera Lucia de Carvalho, mostra que Patrícia, uma jovem que falecera com aproximadamente 16 anos de idade, mesmo no plano espiritual, procurou uma atividade, não para ser recompensada com benefícios externos, mas porque se sentiu atraída a auxiliar aqueles que mais necessitavam de atenção, no caso, começou a lecionar para pessoas que, na terra, não tiveram condições de estudar, de ler e escrever; a atividade, portanto, era uma alegria, um talento que iria gerar novas e construtivas oportunidades para aqueles que eram seus alunos.
O fato de que praticamente todos os outros espíritos ao seu redor, na colônia espiritual a qual Patrícia estava, mantinham alguma atividade que visava o bem comum, no verdadeiro sentido, aos poucos a fez perceber que a inatividade não tinha proveito, de forma alguma.
A profundidade da parábola dos talentos alcança mais do que a mera atividade, caso a movimentação por si só, o trabalho, fosse motivo de elevação, no umbral não teriam pessoas que foram, essencialmente ocupadas, a vida toda, mas a forma com que se dá esta atividade, se pacífica, se visando o bem maior da coletividade, é o que realmente importa, portanto, a eficiência e a moral da atividade faz toda a diferença.
Manter-nos ocupados, não significa que estamos aproveitando e sendo úteis na grande fazenda do senhor.
O fato na parábola do senhor ter voltado depois de muitos anos e imediatamente solicitar que cada um viesse à sua frente para prestar contas, pode ser associado a ideia que hoje, diante da transformação universal a qual vivemos, cheia de desafios, requer que nos mantemos laboriosos, úteis, fazendo florescer nossos dotes e talentos, pois a cobrança destes talentos certamente virá.
Nesta transição de um planeta de provas e expiações para um planeta de regeneração, mais do que nunca cada qual deve prestar contas, isto é, mostrar como têm administrado os dotes que Deus confiou a cada um, como usa sua inteligência, sua saúde, sua disposição, seu tempo, suas habilidades; está trazendo benefícios para si mesmo e para os outros ou está sendo escondido, medrosamente?