O perdão

O perdão, de tão importante que é, é citado no mini mapa para o reino dos céus, que é o pai nosso pela passagem “perdoa nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido“…

Portanto o perdão é citado por Cristo no Pai nosso como um dos principais elementos norteadores da existência do Ser Humano, sem o qual, muito será deixado para trás, como falta no aprendizado, se não o observar.

Difícil não encontrar na terra alguma família que não sofreu problemas e prejuízos em relação a outras famílias e pessoas particulares, e muitas continuam carregando o peso tanto de sofrer um dano causado por outrem como há quem sofra por ter causado o dano, uma vez que a consciência nos cobra, invariavelmente, cedo ou tarde.

Uma das maneiras efetivas de realizar tal dissolução de problema, pode ser constatado no livro de Louise Hay, uma terapeuta americana radicada na Califórnia, na década de 90 a qual mostrou, de uma maneira mais entendível, nos dizeres de hoje: para sair de relacionamentos conflituosos, amorosos ou familiares, basta melhorar sua própria auto estima, reconhecendo o erro, a situação de desarmonia, e fazer preces sinceras para a outra pessoa….e assim esta autora constatou, ao trabalhar como terapeuta com centenas de pessoas que, com poucos meses de “tratamento” a maioria dos conflitos foram sanados, primeiramente começaram a esfriar, o auto sofrimento imposto pelas partes do conflito, eles mesmos, começaram a diminuir as farpas da calúnia e sentimentos negativos, passando a abrandar os pensamentos a respeito um do outro, até que cada um se torna livre o suficiente para tomar seus próprios rumos e descobrir novos relacionamentos e encontros saudáveis para ambos os lados, mais livres e libertos…

Quantas pessoas não vivem relacionamentos conflituosos hoje em dia? Quantos não são os crimes passionais, podendo ser vistos quase todos os dias na televisão? quantos males, quantas crianças são deixadas órfãs, vítima de pais cujos temperamentos estão descontrolados, desvairados, na ilusão de estarem certos, na sua ignorância?

Mais uma vez se vê, portanto, que a mensagem Crística nada mais é do que uma maneira inteligente de se viver, uma maneira saudável.

Outra passagem típica conhecida na história, mais especificamente na história espírita, é o caso do jovem Maurício com então apenas 15 anos de idade, que recebeu um tiro de um dos seus melhores amigos, mais velho, de 25 anos de idade, vindo a óbito em tenra idade.

Por procedimento padrão da polícia, e solicitação do pai do jovem  que falecera o caso foi parar nos tribunais. O pai do menino não tinha outra intenção a não ser colocar nas grades o rapaz, o caso aconteceu em 1978 , tendo recebido uma carta psicografada de Chico Xavier, em uma sessão espírita, o pai do menino ficou sabendo que o tiro, causador da morte do filho, foi por engano, sem intenção de matar. 

O pai fica sabendo também que o filho não mais está sofrendo, que praticamente nem sentiu a dor do disparo da arma, era a sua hora de desencarnar de qualquer maneira, a mãe fica então consolada, não sente mais ódio da família do menino que disparou a arma, ficando sabendo, então, que fora um acidente. 

No tribunal faz referência a carta, que fora psicografada por Chico Xavier, o juiz, entende, caso  inédito então no Brasil, que se trata de algo verdadeiro e, diante do perdão da mãe manifestado então por meio de palavras, adicionado o valor da carta, resolve então absolver o garoto, diante dos jurados.

Mais um caso que ilustra não só o poder do perdão, que foi capaz de livrar das grades uma pessoa ainda jovem que tinha toda uma vida pela frente, mas, ainda mais, particularmente mostra a atuação benéfica dos médiuns, de pessoas que estão, por meio da clarividência e clariaudiência, estarem dispostas a ajudar os outros, como veículos da boa nova de Cristo, mal compreendida até os dias atuais.

O perdão pode ser encarado como perdoar não só aos outros, que nos fazem mal, seja por meio de uma rixa do passado, uma traição, a formação de um acidente, a reprovação em uma série na escola, no caso de professores, enfim, mas o perdão é ainda mais profundo, ele atinge o âmago do espírito humano e vai até onde ele reconhece a si mesmo, vai ate no Self, na sua identidade.

Quantas pessoas, socialmente falando, são frutos de casas destruídas, de pais violentos, de pessoas alquebradas financeiramente, não levam as marcas de tal tragédia para o futuro e guardam-nas para si replicando este passado no trabalho e na sua vida presente, numa continuação do mal, enquanto sofrimento por mero apego ao passado?

Muitos desses casos são inconscientes, replicados por nós de alguma forma, pois alguns traços do passado são impressos até mesmo em nosso DNA, por diversas gerações, alguns deles, sendo necessário vários anos ou décadas para não influenciar o comportamento atual.

Uma das melhores formas de praticar o perdão, diante desta perspectiva, é perdoar a sim mesmo, portanto.

Pessoas que tem problema com autoestima podem se beneficiar por frases instigadoras, que ressaltam pontos positivos dela mesma, qualquer tipo de problema, muitas vezes iniciado no passado, podem ser desfeitos ou mesmo bastante minimizados com a prática do auto perdão.

O trabalho precisa ser sincero, o reconhecimento de que temos sim, pontos negativos a corrigir, mas vários pontos positivos, que contribuem conosco e para com nosso ambiente.

Um dos desdobramentos do perdão para com os outros e para com nós mesmos é a paciência, esse é um dos aromas do perdão, entender que cada um têm seu tempo para o aprendizado e desenvolvimento, não nos cabe viver apontando os erros dos outros, ainda mais sabendo que temos muitas falhas a corrigir.

No Evangelho de Matheus podemos ver: Não julgueis, e não sereis julgados. Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos com a mesma medida com que medirdes.

Portanto, além de servir como advertência para que sejamos brandos com os outros, é como se Jesus nos advertisse que num breve momento seríamos julgados, de forma tão grave ou severa como julgamos.

Ainda há a frase: “Vê o cisco no olho do teu irmão e não atenta para a tábua no seu olho” também é outra passagem em Mateus que nos adverte que, muitas vezes, os erros que frequentemente vemos nos outros temos nós mesmos, muitas vezes aumentados.

É como se andássemos com um espelho em nossa frente, vendo erros e vantagens que, no fundo, por atração da igual espécie, temos em nós mesmos. Tal constatação, com algum tempo de observação, pode ser facilmente detectada.

O Perdão, portanto, têm haver com paciência e uma forma de desapego, desapego ao passado, aos males que outros incutiram em nós e que, talvez não nos lembremos, mas pode ter sido nada mais do que um efeito retroativo, de danos que causamos a nós mesmos ou a outros em outra existência corpórea.

Entendendo que na grande criação de Deus rege a lei de causa e efeito, muitas vezes culpamos somente o outro.

Por fim, perdoar o outro não é fazer vista grossa ou fingir que não observa os erros alheios, pelo contrário, dar a fce direita quando alguém nos fere na face esquerda significa encarar de frente os problemas que passamos, investigar, perscrutar, consultar e entender o motivo, a razão pela qual sofremos e procurar remediar isso com discernimento e corrigir os outros, caso contrário podemos incorrer no erro de compactuação com o mal, que é tão grave como cometer o próprio mal.

A questão crucial é que as pessoas em geral dão muita atenção aos erros alheios, em vez dos próprios erros, com isso nada impede que sejamos severos, desde que essa severidade seja direcionada, em primeiro lugar a nós mesmos.

O perdão têm dimensões muito profundas, que se desdobram em paciência, desapego, justiça e amor.