A divergência entre o marxismo e a filosofia cristã não é apenas de ordem econômica ou política, mas também profundamente espiritual e moral. Esses dois sistemas de pensamento oferecem visões contrastantes sobre o ser humano, a sociedade e o mundo. O conservadorismo cristão, ao longo da história, tem enfatizado a importância da ordem moral transcendente, da dignidade humana baseada na criação divina, e da preservação de valores que sustentam a civilização ocidental. Por outro lado, o marxismo, uma filosofia materialista e dialética, busca interpretar e transformar a sociedade exclusivamente através de prismas econômicos e de conflitos de classe. Vamos explorar mais detalhadamente essas diferenças.
1. O Materialismo Histórico vs. a Cosmologia Cristã
O marxismo, fortemente influenciado pela dialética de Hegel, propõe que a história é um processo de evolução baseada em forças materiais. Para Marx, a realidade humana é moldada pelas condições econômicas e sociais, ignorando qualquer princípio transcendente. A luta entre opressores e oprimidos seria o motor do progresso histórico. O objetivo final seria o comunismo, uma sociedade utópica sem classes e sem propriedade privada, alcançada pela destruição das estruturas existentes.
Do lado cristão, a visão do mundo é radicalmente diferente. A cosmologia cristã não se limita ao que é material ou terreno. Existe uma ordem superior, estabelecida por Deus, que rege o universo e dá propósito à existência humana. A realidade não é apenas material, mas espiritual. As leis divinas, justas e eternas, são o alicerce do que é bom, verdadeiro e belo. O ser humano não é uma simples engrenagem numa máquina histórica em constante conflito, mas uma criatura criada à imagem e semelhança de Deus, chamada a viver em harmonia com os princípios do amor e da justiça divina, sem apregoar a destruição alheia, mas, pelo exemplo, conduzi-la com amor e desapego.
2. Conflito de Classes vs. Harmonia e Caridade
Outro ponto crucial da divergência é a forma como os dois sistemas lidam com as diferenças humanas. O marxismo promove a luta de classes, coloca homens contra mulheres, homosexuais contra heterosexuais, entre outras brigas como o mecanismo central para a transformação social. O conflito é visto como inevitável e necessário para eliminar a exploração, ismos e alcançar a igualdade. Esse enfoque na destruição do outro como forma de progresso social, ressoa como uma filosofia de mal, onde a divisão e o ódio são incentivados em nome de uma utopia inatingível.
Em contraste, a filosofia cristã prega a harmonia e o amor ao próximo como fundamentais para a vida em sociedade. Jesus Cristo ensinou que devemos amar nossos inimigos, fazer o bem a quem nos faz mal e promover a reconciliação entre as partes. A caridade cristã é baseada no reconhecimento das capacidades únicas de cada ser humano e na contribuição voluntária para o bem comum. Em vez de incitar ao conflito, o cristianismo busca construir uma sociedade onde a colaboração e o respeito mútuo predominem. O conservadorismo, alinhado com esses princípios, valoriza o papel da família, da comunidade e das tradições morais como as bases de uma ordem social estável e pacífica.
No capítulo XVI do Evangelho Segundo o Espiritismo, “Não se pode servir a Deus e a Mamon” comenta do aspecto material conectado aos dotes espirituais de cada indivíduo, o texto sugere que a riqueza, como um recurso, é colocada nas mãos de indivíduos com diferentes capacidades, e aqueles que demonstram maior responsabilidade e habilidade para multiplicar e utilizar esses recursos de maneira correta são espiritualmente mais avançados nesse aspecto. O capítulo ensina que o que importa não é a quantidade de riqueza, mas o uso que dela se faz, alinhado com princípios morais e de justiça. Ali fica claro que, mesmo que a utopia de uma sociedade forçada e unilateralmente igualitária em termos de riqueza, por força estatal, fosse implantada, pouco tempo depois voltaria a ser “mal distribuída” não pela injustiça humana em si, mas pelos diferentes papéis que nos são dados a cada encarnação terrena, bem como pelos dotes espirituais que carregamos e podemos desenvolver a cada nova encarnação, voltando a riqueza para mãos de alguns. Também sempre válido lembrar que a Terra em que vivemos não é a “terra prometida”, mas sim somente uma escola, de breve passagem, portanto, não há que se falar de felicidade plena e total já aqui, no mundo.
3. Propaganda Ideológica vs. Reconhecimento pelos Frutos
Por fim, no campo da adesão ideológica, o marxismo cultural tem se expandido silenciosamente através de discursos e propagandas, muitas vezes sem que seus adeptos percebam a profundidade do compromisso com a ideologia. As massas são constantemente manipuladas por slogans e palavras de ordem que mudam conforme a conveniência política do momento. Essa fluidez na retórica marxista, que se ajusta conforme as circunstâncias, torna difícil para muitos discernir suas verdadeiras intenções. Tal propaganda, infelizmente, está arraigada de forma consolidada na maioria das faculdades públicas, por professores que defendem tal ideologia, pela mídia e jornais patrocinados pelos que se beneficiam de tal ideologia, nos filmes e no cinema, sendo difícil, especialmente para os jovens, o discernimento da mentira e do falso em tais campos.
O conservadorismo, por outro lado, sustenta que as ideologias devem ser julgadas não por palavras ou promessas, mas por seus frutos. O ensinamento bíblico de “pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:16) se aplica aqui de forma clara. Os conservadores olham para o histórico das ideias e das ações daqueles que as promovem. A destruição de milhões de vidas sob regimes comunistas ao longo do século XX é um lembrete sombrio de que ideologias materialistas e revolucionárias, por mais promissoras que possam parecer, frequentemente conduzem à opressão e ao sofrimento.
Conclusão
A visão conservadora cristã, enraizada em uma cosmologia transcendente, em valores morais absolutos e na dignidade inalienável da pessoa humana, oferece um caminho de ordem e paz. Enquanto o marxismo propõe a ruptura, o conflito e uma visão materialista da vida, o cristianismo aponta para a reconciliação, o amor ao próximo e a construção de uma sociedade fundamentada na justiça divina. O desafio, para os conservadores de hoje, é continuar defendendo esses valores num mundo cada vez mais seduzido por promessas de utopias terrenas que ignoram a realidade da natureza humana e de sua vocação espiritual.
Créditos: imagem, pixabay.com, Evangelho Segundo o Espiritismo, Marxismo cultural, padre Paulo Ricardo, link aqui